Embora tenha se enganado no uso da palavra, acabou por acender em mim a chama da rejeição, provocando-me a seguinte reflexão:
O ser humano, em sua pequenez, encara limites que lhes são nada mais que psicológicos. Ora, porque somos limitados fisicamente para certas coisas, e ultrapassamos a todo tempo limites em outras?
Por que, quando relacionado ao álcool, o ser humano facilmente ultrapassa medida próxima ao ideal para mantença da racionalidade, que presumo ser uma dose, para algo extremamente maior, como uma caixa de cerveja? Ora, percebo que é fácil dispor de seu limite, racionalmente, quando lhe é prazeroso, confortável, agradável.
Porém, ao contrário, se quiser inverter o limite, árdua e pedregosa estrada deve cruzar o ser humano para reduzir seu consumo, para limitar o vício. É preciso muita fé, muito autocontrole e uma insuperável perseverança.
De modo análogo, como o drogado ultrapassa quaisquer limites vendendo o que estiver a seu alcance para comprar mais drogas, mas lhe é tão difícil abandonar o vício?
Além dos exemplos dos vícios, que envolvem aspectos fisiológicos que não pretendo trazer a esta reflexão, trago os seguintes:
Por que o motorista atrasado ultrapassa sem remorso os limites de velocidade, não conseguindo adaptar-se aos limites impostos em outras situações?
Por que nos é fácil limitar-se à natureza humana ao invés do árduo caminho que nos leva à santidade?
Por óbvio que há limites aos quais devemos nos basear para nossa sobrevivência: não há razão para acreditarmos que poderemos sobreviver às mais diversas intempéries e temperaturas absurdamente baixas sem sofrer quaisquer conseqüências desta condição, como a hipotermia.
No entanto, por que permitimos que nossas fraquezas extrapolem o limiar de nossa corporeidade? Por que alguns limitam seu ecumenismo à manhã dos domingos ou aos cultos semanais?
É nestes termos que, desatendo-me do recente inconformismo e escusando-me pela ausência, me despeço.
Salve Regina Caelorum, Mater Afflictis